quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Cartas a Sandra

É curioso quando relemos um livro pela segunda vez, conseguimos sempre descobrir sensações novas, sentimentos que nos passaram ao lado na primeira leitura e que se revelam com um olhar atento.
Aconteceu-me com o Para Sempre do Vergílio Ferreira, o mês passado, e voltou a acontecer com o Cartas a Sandra, que não é nada menos do que uma espécie de continuação do primeiro. Ou melhor, são um conjunto de cartas que supostamente a personagem central, o Paulo, enviou a sua eterna namorada, a Sandra. E essas cartas são de um sentimento tão profundo, oscilando entre uma alegria extrema e uma angústia sufocante, que nos conseguem transmitir o que a personagem sentia em determinadas partes do Para Sempre.
Fica aqui uma das muitas passagens que refectem isso mesmo:

"Porque curiosamente, onde menos te encontro é onde tu exististe. Desprendeste-te donde estiveste e é em mim que mais me acontece tu estares. Mas nem sempre. Quantos dias se passam sem tu apareceres. E às vezes penso é bom que assim seja para eu aprender a estar só. Mas de outras vezes tu rompes-me pela vida dentro e eu quase sufoco da tua presença. Ouço-te dizer o meu nome e eu corro ao teu encontro e digo-te vai-te, vai-te embora. Por favor. E eu sinto-me logo tão infeliz. E digo-te não vás. Fica. Para sempre."

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