Aborto
Tinha pensado que não iria falar sobre o aborto neste blog, porque apenas iria expressar a minha opinião e opção de voto, e isso, honestamente, não interessa para nada.
Mas, não aguento. Todos os dias ouço coisas que me fazes torcer as raízes dos cabelos, opiniões de pessoas que são contra o aborto e que, há falta de melhor, “inventam” qualquer coisa para impor a sua opinião e opção.
Atenção, eu não sou contra essas pessoas, nem contra as suas opiniões. Apenas sou contra alguns argumentos que apresentam, e que vou passar a descortinar.
Um dos argumentos que o movimento do não apresenta é o facto da pergunta estar mal formulada.
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Em que aspectos é que esta pergunta está mal formulada, ou que não é clara, não sei. Ou melhor, não sabia. É que ontem estava sintonizado na Antena 3 e, no debate diário sobre o aborto, ouvi um advogado (não me lembro do nome) a dizer que a pergunta estava mal formulada porque era NEUTRA!!! Ou seja, o que aquele senhor defendia era que a pergunta deveria sofrer as seguintes alterações: onde se lê mulher, devia ler-se Mãe e onde se lê estabelecimento de saúde legalmente autorizado devia ler-se hospital. Assim, a pergunta não ficava neutra. Aliás como faz sentido que seja! E perante este facto deixo aqui uma proposta de pergunta que deve ir ao encontro do que este senhor considera uma pergunta facciosa e a favor da sua opinião:
Concorda com a despenalização da mãe, que mata o seu querido filho até às 10 semanas, num hospital que é pago com os seus impostos?
Perguntas neutras num referendo e numa democracia, que estupidez!
E por falar em impostos, leva a outro argumento ainda mais duvidoso. Vamos financiar os abortos com os impostos que pagamos. Ora, sem entrar em demagogia, se entrarmos nesse campo, também me vou recusar a pagar, por exemplo, quimioterapias a pessoas com cancro do pulmão porque fumaram uma vida toda. É demagogia, eu sei, mas não deixa de ter um pouco de verdade. E já não pagamos os tratamentos das mulheres que fazem um aborto clandestino e que vão ao hospital por causa de complicações?
Outro argumento prende-se com a questão das 10 semanas. Qual é a diferença entre 10 semanas e 10 semanas e 1 dia, perguntam os defensores do não. Nenhuma, digo eu. No entanto, acho que é simples de explicar: tem de existir um limite de tempo que permita a mulher decidir o que quer fazer. Com este argumento corremos o risco de ficar sempre na indecisão: porquê 10 semanas e não 12, 14, 20, ou 40 semanas? Porque sim!
Para terminar, acho que o argumento menos científico é este: com a despenalização do aborto passamos a ter um flagelo social, onde abortar vai passar a ser um acontecimento do dia a dia. Ou alguém me prova que fazer um aborto é uma coisa espectacular, ou então não faz muito sentido. Uma mulher acorda de manhã, toma o pequeno-almoço, vai às compras e lembra-se: “Epá, à tarde vou fazer um aborto.” Acho que não deve funcionar bem assim, pois não?
E o mais ridículo é agora alguns movimentos do Não afirmarem que se o Não ganhar, vão pedir a alteraração da lei para criar algum mecanismo que não ponha as mulheres na prisão. Ou seja, a mulher continua a ser uma criminosa, só que não vai presa. Um crime sem pena, o que também faz sentido! Duas considerações: primeira, se o não ganhar acho que não se deve mudar a lei, uma vez que se a maioria das pessoas estiver contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, então está a favor que se puna a mulher que aborta. E como estamos numa democracia devemos aceitar a vontade da maioria. E em segundo, e entrando novamente no campo da demagogia, acho que se o não ganhar, devemos alterar a lei, mas para aumentar a pena. Se estamos a matar uma pessoa, como defendem, de forma deliberada então passa a ser homicídio: 25 anos de prisão para essas pessoas.
Dia 11 vou votar SIM!
Mas, não aguento. Todos os dias ouço coisas que me fazes torcer as raízes dos cabelos, opiniões de pessoas que são contra o aborto e que, há falta de melhor, “inventam” qualquer coisa para impor a sua opinião e opção.
Atenção, eu não sou contra essas pessoas, nem contra as suas opiniões. Apenas sou contra alguns argumentos que apresentam, e que vou passar a descortinar.
Um dos argumentos que o movimento do não apresenta é o facto da pergunta estar mal formulada.
“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"
Em que aspectos é que esta pergunta está mal formulada, ou que não é clara, não sei. Ou melhor, não sabia. É que ontem estava sintonizado na Antena 3 e, no debate diário sobre o aborto, ouvi um advogado (não me lembro do nome) a dizer que a pergunta estava mal formulada porque era NEUTRA!!! Ou seja, o que aquele senhor defendia era que a pergunta deveria sofrer as seguintes alterações: onde se lê mulher, devia ler-se Mãe e onde se lê estabelecimento de saúde legalmente autorizado devia ler-se hospital. Assim, a pergunta não ficava neutra. Aliás como faz sentido que seja! E perante este facto deixo aqui uma proposta de pergunta que deve ir ao encontro do que este senhor considera uma pergunta facciosa e a favor da sua opinião:
Concorda com a despenalização da mãe, que mata o seu querido filho até às 10 semanas, num hospital que é pago com os seus impostos?
Perguntas neutras num referendo e numa democracia, que estupidez!
E por falar em impostos, leva a outro argumento ainda mais duvidoso. Vamos financiar os abortos com os impostos que pagamos. Ora, sem entrar em demagogia, se entrarmos nesse campo, também me vou recusar a pagar, por exemplo, quimioterapias a pessoas com cancro do pulmão porque fumaram uma vida toda. É demagogia, eu sei, mas não deixa de ter um pouco de verdade. E já não pagamos os tratamentos das mulheres que fazem um aborto clandestino e que vão ao hospital por causa de complicações?
Outro argumento prende-se com a questão das 10 semanas. Qual é a diferença entre 10 semanas e 10 semanas e 1 dia, perguntam os defensores do não. Nenhuma, digo eu. No entanto, acho que é simples de explicar: tem de existir um limite de tempo que permita a mulher decidir o que quer fazer. Com este argumento corremos o risco de ficar sempre na indecisão: porquê 10 semanas e não 12, 14, 20, ou 40 semanas? Porque sim!
Para terminar, acho que o argumento menos científico é este: com a despenalização do aborto passamos a ter um flagelo social, onde abortar vai passar a ser um acontecimento do dia a dia. Ou alguém me prova que fazer um aborto é uma coisa espectacular, ou então não faz muito sentido. Uma mulher acorda de manhã, toma o pequeno-almoço, vai às compras e lembra-se: “Epá, à tarde vou fazer um aborto.” Acho que não deve funcionar bem assim, pois não?
E o mais ridículo é agora alguns movimentos do Não afirmarem que se o Não ganhar, vão pedir a alteraração da lei para criar algum mecanismo que não ponha as mulheres na prisão. Ou seja, a mulher continua a ser uma criminosa, só que não vai presa. Um crime sem pena, o que também faz sentido! Duas considerações: primeira, se o não ganhar acho que não se deve mudar a lei, uma vez que se a maioria das pessoas estiver contra a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, então está a favor que se puna a mulher que aborta. E como estamos numa democracia devemos aceitar a vontade da maioria. E em segundo, e entrando novamente no campo da demagogia, acho que se o não ganhar, devemos alterar a lei, mas para aumentar a pena. Se estamos a matar uma pessoa, como defendem, de forma deliberada então passa a ser homicídio: 25 anos de prisão para essas pessoas.
Dia 11 vou votar SIM!
Porque acredito que deve ser uma escolha da mulher, e não uma decisão imposta pela sociedade que acha que o mundo é cor-de-rosa e que dando uns míseros tostões que a coisa se resolve. E como qualquer escolha é difícil é a mulher que tem o poder de decidir o que é melhor para ela e para um “futuro bebe” e é ela que vai suportar todas as consequências físicas ou psicológicas da sua decisão.
Muita coisa ficou por dizer, mas isso vou guardar para mim e para algumas conversas de café! Penso que o essencial está dito e foi sobretudo um desabafo...
1 comentário:
E que grande desabafo!! Concordo contigo nalguns pontos e acho que o NÃO escolhe argumentos fáceis... escolhe aquilo que choca para convencer... mas na minha opinião só perde pontos.
Acima de tudo, vivemos numa democracia, e as mulheres devem ter o direito de escolher se querem ou não fazer um aborto!!
SIM ou NÃo é bom que ninguém deixe de ir votar no Domingo!
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